ANOREXIA NERVOSA E EIXO NEUROENDÓCRINO
- Santiago Paes
- 6 de nov. de 2016
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A anorexia nervosa é um distúrbio psicopatológico MUITO SÉRIO, caracterizado pela alteração da imagem corporal (“imagem mental de como você se enxerga”), restrição alimentar persistente e baixo peso corporal, que acomete principalmente mulheres. Entre os distúrbios psicofísicos que desencadeiam alterações morfofuncionais e metabólicas, destaca-se a desregulação endócrina global. A disfunção do eixo hipotálamo-hipofisário inclui hipogonadismo hipogonadotrópico com deficiência relativa na produção e ação de estrógenos e andrógenos, resistência a ação do hormônio de crescimento (GH) e IGF-1 , hipercortisolismo, síndrome de doença não tireoidiana, hiponatremia e hipoxtocinemia. Além disso, adiciona-se supressão dos níveis séricos de leptina (muito por conta do baixo peso/tecido adiposo e você achando que somente o aumento do tecido adiposo poderia ser considerado algo ruim, hein?!), e também de grelina [peptídeo intestinal orexigênico (que gera apetite). O distúrbio inicialmente desencadeado pela mente ( exposição ao padrão Barbie de boneca, concurso de beleza, padrão estético de modelo e associação da magreza ao status de beleza... se é que isso define o que é ser belo), causa um desbalanço hormonal que repercute na composição corporal, integridade metabólica, comportamento alimentar, estilo de vida e evidentemente na qualidade de vida. Fisiopatologicamente prejudicado, diversos sistemas tentam gritar por ajuda ou “mostrar ao corpo”. Um deles é o sistema ósseo, principalmente modulado pela ineficiência do metabolismo de cálcio. Aos que levianamente pensam que é só adequar cálcio, outras vias são exigidas para que a biodisponibilidade do cálcio dietético seja de fato utilizada pelo corpo. Do ponto de vista interacional o exercício físico poderia repercutir positivamente na regulação dos eixos, contudo o carro precisa de gasolina e da integridade emocional do condutor não é mesmo? Portanto, é necessário se atentar aos rastreios dessa doença. Portanto, as vezes a “BIRRA PARA COMER” pode estar maquiando algo muito mais sério e profundo.
Referência:
Schorr M. The endocrine manifestations of anorexia nervosa: mechanisms and management. Nat Rev Endocrinol. 2016
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